segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Moda dos anos 40 e 50


Para entender a moda dos anos 40 é preciso conhecer o período de transição – final dos anos 30 - marcado pela eclosão do conflito mundial em 1939 e suas conseqûencias no meio social, cultural e econômico.
Definitivamente a Segunda Grande Guerra (1939-1945) transformaria o vestuário e os padrões comportamentais, durante e no pós-guerra.
A moda até então ditada pela França (Chanel, Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin), sofre suas perdas: muitos estilistas fecharam suas maisons ou se mudaram da França para outros países.
- No final dos anos 30 e início dos 40, as roupas já apresentavam características da linha militar e as saias já vinham com uma abertura lateral para facilitar o uso de bicicletas (praticidade a ser aplicada num cotidiano repleto de restrições e racionamento).
- Os sapatos eram pesados e sérios.
- A escassez de tecidos levou à reforma das roupas e utilização de materiais alternativos (viscose, raion, fibras sintéticas).


A força de trabalho é substituída: homens no campo de batalha, mulheres frente às máquinas - nas fábricas, escritórios e vários segmentos operacionais.
"mesmo depois da guerra, as habilidades continuaram sendo muito importantes para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso."

Obs.: Nessa época, o termo prêt-à-porter ainda não era usado, mas os passos para o seu surgimento eram dados pela butique. A palavra então muito utilizada que significava "já pronto".

ANOS 40
- Tempos de guerra na Europa.
- Paris ocupada pelos nazistas
- Fechamentos de inumeros atelies. Alguns estilistas permaneceram em Paris.
- Racionamento do governo: limitação de compra e utilização de tecidos.
- Reciclagem de materiais
- materiais alternativos: tecidos sintéticos

Características da moda:
- corte : reto e masculino
- estilo : militar
- uso de grandes ombreiras
- cintura se estreita
- cores: tendem para o sépia, o bege e o verde musgo.
- jaquetas e abrigos com ombros acolchoados angulosos e cinturões.
- tecidos pesados e resistentes, como o "tweed", muito usado na época.
- saias : mais curtas, com pregas finas ou franzidas.
- calças compridas se tornaram práticas
- vestidos que imitavam uma saia com casaco, eram populares.
- cabelos : longos. Com uso de grampos para prendê-los e formar cachos.
- acessórios e adornos : lenços e chapéus criativos (grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar)
- maquilagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.


Curiosidade: "Escassez do náilon e da seda fez com que as meias finas fossem substituidas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras"

Surgimento do "prêt-à-porter"

O mesmo que ready-to-wear. Expressão que significa “pronto para usar ” ou “pronto para usar”. Surgiu no final da década de 1940 para indicar roupas confeccionadas em série, em grande escala, como resultado da industrialização da moda. Se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir e passou a chamada de "prêt-à-porter" pelos franceses” .
Até então, as roupas eram feitas sob encomenda e sob medida. O sistema prêt-à-porter cresceu principalmente nos Estados Unidos, onde as técnicas de produção de massa já estavam bem desenvolvidas..
Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões das grandes maisons.

- Na França – estilistas que atuaram em novos ateliês em Paris durante a guerra:
- Jacques Fath (1912-1954)
- Nina Ricci (1883-1970)
- Marcel Rochas (1902-1955), um dos primeiros a colocar bolsos em saias.
- Alix Grès (1903-1993) teve seu ateliê fechado logo após a inauguração, em 1941, pelos alemães, por ter apresentado vestidos nas cores da bandeira francesa. Sua marca era a habilidade em drapear o jérsei de seda, com acabamento primoroso.

Pós-guerra
1944 - libertação de Paris, a alegria invadiu as ruas, assim como os ritmos do jazz e as meias de náilon americanas, trazidas pelos soldados, que levaram de volta para suas mulheres o perfume Chanel nº 5.
1945 - foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas, moldadas com fio de ferro e cabeças de gesso, com trajes criados por todos os grandes nomes da alta-costura francesa.

- Na Grã-Bretanha, o "Fashion Group of Great Britain", comandado por Molyneux, criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais atraentes, apesar das restrições.

A moda na América
Com o isolamento de Paris, os americanos inventaram sua prória moda.
Hits: conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, ermitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos. É criado "sportswear' americano.
Mail commerce: Venda por correspondencia- catálogos com os últimos modelos. Pedidos vindos de qualquer lugar, entregues em 24 horas,

- Outro estilista importante foi o inglês Charles James (1906-1978), que, no período de 1940 a 1947, em Nova York, criou seus mais belos modelos. Chegou a antecipar, em alguns, o que viria a ser o "New Look", de Christian Dior.

Curiosidade: "Com a falta de materiais em quase todos os setores e em todos os países envolvidos nos conflitos, novos materiais foram desenvolvidos e utilizados para a produção de objetos e móveis, como os potes flexíveis e duráveis, de polietileno, que ficaram conhecidos como Tupperware."

A simplicidade e praticidade (precursora Chanel) é suplantada pela genialidade do New Look Dior .
- 1947 - o francês Christian Dior, lança sua primeira coleção, surpreende e faz sucesso com o "New Look “.
- saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos altos.

"New Look", como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos.
Dior estava imortalizado com o seu "New Look" jovem e alegre. Era a visão da mulher extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.

ANOS 50
Mesmo com as mudanças do pós guerra, a rapidez com que a tendência new Look Dior foi aceita , comprovou que mulher ansiava pela volta da feminilidade, do luxo e da sofisticação.

Características:
- fim da escassez e do racionamento de tecidos
- retorno da feminilidade e do glamour
- uso de grande quantidade para confeccionar um vestido amplo e na altura dos joelhos.
- silhueta: cintura marcada
- as saias são amplas, em godê guarda-chuva ou balonê, revivendo um pouco a época das crinolinas ( anaguas de varetas) . Os tecidos brilhantes e "encorpados" como o tafetá e o cetim convivem com o crepe de seda, o tule e o jersey. O bolerinho volta a ser usado, bem como o redingote.
- pleno uso os soutiens de bojo, as cintas e modeladores
- sapatos de saltos altos
- acessórios: luvas, peles e jóias
- clima de sofisticação e tempo de cuidar da aparência
- a beleza torna-se tema de grande importância.
- auge das tintas para cabelos das loções alisadoras e fixadoras.
- penteados : coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot.
- cabelos : um pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina.

Maquiagem na moda

Função: realçar a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita.
- valorização do olhar
- criação de produtos para os olhos: sombras, rímel, lápis sombrancelhas e o “ maravilhoso “ delineador

Grandes empresas, como a Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée Lauder, gastavam muito em publicidade, era a explosão dos cosméticos.
Na Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando produtos feitos a base de plantas, que se tornaria uma tendência a partir daí.


O fim da Guerra e a emergência dos Estados Unidos como líderes incontestes do mundo ocidental levaram a uma onda de otimismo sem precedentes. É a época de ouro das multinacionais, de Hollywood e da moda "made in USA"
O cinema continou sendo um grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood, por meio de suas estrelas, de estilistas ( Edith Head e Gilbert Adrian nos anos 30 ) , influenciaram milhares de pessoas.
Estilos de beleza feminina das atrizes que marcaram os anos 50


- ingênuas chiques : Grace Kelly e Audrey Hepburn ( naturalidade e jovialidade)


- sensual e fatal : Rita Hayworth e Ava Gardner
- pin-ups americanas( loiras e com seios fartos )

"Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade."

Fotógrafos de moda: Richard Avedon, Irving Penn e Willian Klein, que fotografavam para as maisons e para as revistas de moda, como a Elle e a Vogue.

Durante os anos 50 :
- apogeu e difusão da alta-costura parisiense
- a criação de um grupo chamado "Costureiros Associados", do qual faziam parte famosas maisons, como a de Jacques Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean Dessès. Esse grupo havia se unido a sete profissionais da moda de confecção para editar, cada um, sete modelos a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas lojas selecionadas.

Grandes Estilistas:
- o espanhol Cristobal Balenciaga
- Hubert de Givenchy
- Pierre Balmain, Chanel
- Madame Grès
- Nina Ricci
- Christian Dior

Sapatos:
- 1954- - Criação do Salto agulha pelo francês Roger Vivier
- 1959 - salto-choque, encurvado para dentro, além do bico chato e quadrado, entre muitos outros. Vivier trabalhou com Dior e criou vários modelos para os desfiles dos grandes estilistas da época.


- 1954, Chanel reabriu sua maison em Paris, que esteve fechada durante a guerra. Aos 70 anos de idade, ela criou algumas peças que se tornariam inconfundíveis, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a famosa bolsa a tiracolo em matelassê e o escarpin bege com ponta escura.

Ao lado do sucesso da alta-costura parisiense, os Estados Unidos estavam avançando na direção do ready-to-wear e da confecção. A indústria norte-americana desse setor estava cada vez mais forte, com as técnicas de produção em massa cada vez mais bem desenvolvidas e especializadas.
Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Dereta produziam roupas prêt-à-porter sofisticadas.
Na Itália, Emilio Pucci produzia peças separadas em cores fortes e estampadas que faziam sucesso tanto na Europa como nos EUA.
Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a se voltar ao prêt-à-porter, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros estilistas começassem a acompanhar essa nova tendência a medida que a alta-costura começava a perder terreno, já no final dos anos 50.
Nessa época, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam ter acesso às criações da moda sintonizada com as tendências do momento.
1955- as revistas Elle e Vogue dedicaram várias páginas de sua publicação às coleções de prêt-à-porter, o que sinalizava que algo estava se transformando no mundo da moda.


Licenciamento de marcas – estratégia revolucionária utilizada pelos estilistas na criação e diversificação dos produtos,
Itens que se tornaram símbolos do que havia de mais chique:
- o lenço de seda Hermès, que Audrey Hepburn usava
- o perfume Chanel Nº 5, preferido de Marilyn Monroe
- o batom Coronation Pink, lançado por Helena Rubinstein para a coroação da rainha da Inglaterra.


"Dentro do grande número de perfumes lançados nos anos 50, muitos constituem ainda hoje os principais produtos em que se apóiam algumas maisons, cuja sobrevivência muitas vezes é assegurada por eles"

A Guerra Fria - Estados Unidos X União Soviética
- marcada pela início da corrida espacial- a competição pela liderança na exploração do espaço.

A ficção científica e todos os temas espaciais passaram a ser associados a modernidade e foram muito usados.
Até os carros americanos ganharam um visual inspirado em foguetes. Eles eram grandes, baixos e compridos, além de luxuosos e confortáveis.

Cadillac 1959

Os Estados Unidos estavam vivendo um momento de prosperidade e confiança, já que haviam se transformado em fiadores econômicos e políticos do mundo ocidental após a vitória dos aliados na guerra.
Isso fez surgir, durante esse período, uma juventude abastada e consumista, que vivia com o conforto que a modernidade lhes oferecia.
Melhores condições de habitação, desenvolvimento das comunicações, a busca pelo novo, pelo conforto e consumo são algumas das características dessa época.
A televisão se popularizou e permitia que as pessoas assistissem aos acontecimentos que cercavam os ricos e famosos, que viviam de luxo, prazer e elegância, como o casamento da atriz Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco.

A tradição e os valores conservadores estavam de volta.
As pessoas casavam cedo e tinham filhos.
Nesse contexto, a mulher dos anos 50, além de bela e bem cuidada, devia ser boa dona-de-casa, esposa e mãe.

Vários aparelhos eletrodomésticos foram criados para ajudá-la nessa tarefa difícil, como o aspirador de pó e a máquina de lavar roupas.

Em contraposição ao estilo norte-americano de obsolescência planejada, ao criarem produtos pouco duráveis, na Europa ressurgiu, especialmente na Alemanha, o estilo modernista da Bauhaus, com o objetivo de fabricar bens duráveis, com um design voltado a funcionalidade e ao futuro, refletindo a vida moderna.
Vários equipamentos, como rádios, televisores e máquinas, foram criados seguindo a fórmula de linhas simples, durabilidade e equilíbrio.
Ao som do rock and roll, a nova música que surgia nos 50, a juventude norte-americana buscava sua própria moda. Assim, apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans.



calças cigarretes


O cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme "Juventude Transviada" (1955), que usava blusão de couro e jeans. Marlon Brando também sugeria um visual displicente no filme "Um Bonde Chamado Desejo" (1951), transformando a camiseta branca em um símbolo da juventude.
Já na Inglaterra, alguns londrinos voltaram a usar o estilo eduardiano, mas com um componente mais agressivo, com longos jaquetões de veludo, coloridos e vistosos, além de um topete enrolado. Eram os "teddy-boys".

Ao final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da vida cotidiana. Nesse cenário, começava a ser formar um mercado com um grande potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos anos 60.

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